sexta-feira, 27 de junho de 2008

Zeitgeist - o Filme


Rosa Leonor me enviou este link por e-mail, há algum tempo atrás.

É um filme interessantíssimo, que merece ser visto e popularizado.

Pesquisando um pouco após assistí-lo, encontrei referências não-oficiais dizendo que esse documentário foi proibido no Brasil e em outros lugares.

Trata-se de um documentário independente, ao que parece produzido sem fins-lucrativos, que por vontade dos autores foi disponibilizado na Internet.

Infelizmente, pela impossibilidade de se averiguar grande parte das afirmações, principalmente no que se referem aos EUA, os argumentos do documentário ficam suspensos entre verdade e teoria da conspiração.

No entanto, em todo o restante é fantástica a forma como os autores conseguiram demonstrar os mecanismos de alienação e controle das massas utilizado há séculos pela religião e pela mídia.

Vale a pena assistir, com certeza lhes fará refletir sobre muitas coisas.

Zeitgeist legendado em português de Portugal:
http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024

terça-feira, 24 de junho de 2008

E agora, quem poderá nos defender?


Para terminar com a sessão de postagens "indigestas e armadas", fica o clipe (na versão SEM CENSURA) da Madonna em American Life:



Acho fantástico observar a transformação que ocorreu no trabalho da Madonna. Antes, escrachadamente erótica e despudorada, ela causava transtornos com seus afrontes aos costumes moralistas e hipócritas do mundo em geral. Hoje ela ganha um foco político/social, em suas mensagens sobre os absurdos da política/guerra/religião e da falta de interesse geral para com as pessoas.

E, pra não deixar de dar uma "abrasileirada", a charge do Charges.com sobre o episódio lamentável no Morro da Providência:



A Caça às Bixas – Episódio II

Bom, já que estávamos mesmo falando em preconceito, militarismo e etc... continuemos.

Os jornais de ontem (segunda-feira, 23/06) noticiaram que o sargento Fernando Alcântara (lembram dele né?) foi NOVAMENTE preso, por “medida disciplinar”.

Em exatos 2 dias depois de ter saído do cumprimento da pena anterior de 8 dias.

A novela é a mesma que o levou à prisão na semana passada, agora com uma pequena variante: ele não deixará de trabalhar nesses próximos 4 dias de prisão, “apenas” não poderá voltar pra casa à noite.

Em nota para a imprensa, o Exército declarou na semana passada:

"Em relação à situação do Sargento FERNANDO ALCÂNTARA DE FIGUEIREDO e cumprindo procedimentos previstos no Regulamento Disciplinar do Exército (RDE) (Decreto-Lei 4346, de 26 de agosto de 2002), plenamente do conhecimento do militar em questão, o seu Comandante imediato determinou a apresentação de suas razões formais de defesa relativas a transgressões disciplinares, praticadas pelo militar e previstas naquele regulamento, tudo em decorrência de sua conduta e envolvimento nos últimos fatos.
O militar apresentou suas razões de defesa, dentro do prazo previsto no regulamento, as quais não foram consideradas suficientes e justificadas por seu Comandante. Em conseqüência disso, após a ampla defesa e oportunidade ao contraditório, o militar foi enquadrado e punido com prisão disciplinar.
O RDE tem por finalidade, além de especificar as transgressões disciplinares, estabelecer normas relativas a punições disciplinares, comportamento militar das praças, recursos e recompensas.
O Exército reafirma que cumpre rigorosamente os instrumentos legais, agindo com impessoalidade e observando os direitos pétreos previstos na Constituição Federal.
SEÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO COMANDO MILITAR DO PLANALTO

EXÉRCITO BRASILEIRO
ONTEM, HOJE E SEMPRE! OS MESMOS VALORES, PRINCÍPIOS E IDEAIS"


Nessa semana mudou pouca coisa, vejamos:

“Em relação à situação do Sargento FERNANDO ALCÂNTARA DE FIGUEIREDO, o Comando Militar do Planalto (CMP) esclarece que, cumprindo os procedimentos previstos no Regulamento Disciplinar do Exército - RDE ( Decreto – Lei 4346, de 26 de agosto de 2002), de pleno conhecimento do militar em questão, o seu Comandante imediato determinou a apresentação de suas razões formais de defesa relativas às transgressões disciplinares praticadas pelo militar e previstas naquele regulamento.
O militar apresentou as suas razões de defesa que foram consideradas insuficientes. Em conseqüência, após exercido, pelo militar, os direitos da ampla defesa e da oportunidade ao contraditório, foi punido com 04 dias de detenção, por ter se apresentado com o uniforme em desacordo com as disposições em vigor, em entrevista concedida à revista ÉPOCA.
A punição será cumprida sem prejuízo do exercício de suas funções regulamentares, em sua própria Organização Militar. Diariamente, ao final do expediente, o militar será encaminhado ao Batalhão da Guarda Presidencial - BGP, para fins de pernoite.
O Exército reafirma que cumpre rigorosamente os instrumentos legais, agindo com impessoalidade e observando os direitos pétreos previstos na Constituição Federal.

Brasília/DF, 23 de junho de 2008."


Ou seja, novamente aconteceu o óbvio: sua “ampla defesa” foi desconsiderada pelo Exército. E agora ele é detido por... por quê mesmo?

Ah, “por ter se apresentado com o uniforme em desacordo com as disposições em vigor, em entrevista concedida à revista ÉPOCA”.

Mas ele já não tinha sido preso por isso na semana passada?

Não, claro que não. Semana passada ele somente foi “enquadrado e punido com prisão disciplinar”.

Parece que o Exército está aplicando as suas “medidas disciplinares” à prestação!

Como se pode ver nas notas emitidas para a imprensa, a primeira não apresenta um motivo em específico, logo entende-se que a punição decretada refere-se ao todo das acusações.

Mas aí vem uma segunda, especificamente pela aparição na revista. A da semana que vem será por qual motivo?

Infelizmente o site do Exército, na seção imprensa, não disponibiliza as notas referentes ao caso dos sargentos, constam lá, para o ano de 2008, somente duas notas referentes aos episódios do Morro da Providência.

É revoltante assistir a arbitrariedade com a qual esses sujeitos vêm sendo retaliados pelo comando militar.

Pelo menos, uma mudança radical e histórica foi conseguida e o julgamento do companheiro do sargento Fernando Alcântara, será transmitido ao vivo pela TV.

A notícia completa está em
http://www.athosgls.com.br/noticias_visualiza.php?contcod=23812

Até lá ficamos aguardando por mais um capítulo da novela...



Bueno... cá estou eu de volta! Após algumas rápidas incursões pelo universo da legislação brasileira, em seus direitos e penalidades, retorno...

Alguns fatos inconvenientes, para não dizer ridículos, me afastaram da blogosfera na última semana. O principal deles se resume à uma contenda entre vizinhos, especificamente entre os vizinhos de baixo e nós, que rendeu uma ocorrência na Delegacia local, de onde retornamos há pouco.

Para resumir a novela mexicana dos acontecimentos, ocorre que: na terça-feira passada, por volta das oito da noite, alguém batia violentamente à porta do nosso apartamento. Ao abrir, deparamo-nos com o vizinho de baixo, que é policial militar, fardado e armado, aos gritos. Alegando que estava farto dos “barulhos” que nós fazíamos à noite, impedindo o descanso dele. E avisando que iria, no dia seguinte, abrir uma queixa na Delegacia por “perturbação da paz alheia”. Pois, nós “tínhamos pentagramas espalhados pela casa” e ele “sabia muito bem o que era isso”, que “estas eram casas de família”, entre outras bobagens mais.

Obviamente não se expressa reação alguma diante de alguém armado e descontrolado como ele se apresentou.

Imediatamente nós procuramos a Central da Polícia, onde nos orientaram a registrar a ocorrência na Delegacia local na manhã seguinte, por questões de rapidez frente à burocracia.

Fazendo isso, fomos informados de que, por tratar-se de um policial militar, poderíamos fazer uma denúncia diretamente no Quartel da PM.
Eu desconhecia essa possibilidade até então. Ao sermos informados, imediatamente nos valemos dela para tomar providências sobre o ocorrido.

Sentados num setor chamado “CPC”, narramos o fato, e abrimos a denúncia de abordagem violenta, coação policial e abuso de autoridade. Diante da qual a policial que fez o registro nos informou que ele iria ser localizado e julgado militarmente pela atitude repreensível.

Muito bem, ainda restaram os crimes civis cometidos pelo cidadão, previstos em lei e passíveis de penalização. Entre eles poderíamos citar os atentados “contra a livre locomoção”, “liberdade de credo”, além de “injúria” e afins. Partimos novamente para a Delegacia Civil, a fim de registrar estes últimos.

No dia seguinte, novamente o cidadão bate à nossa porta. Dessa vez mais educadamente, sem farda nem arma, informando que tinha registrado a prometida ocorrência e querendo saber se havia um meio “amigável” de resolvermos o impasse.
Paramos então para ouvir o que ele tinha a dizer ou propor. Mas infelizmente a polidez durou pouco, e logo iniciou-se mais uma sessão de afirmações estúpidas e infundadas. Não preciso dizer que a conversa não prosseguiu...

Apenas lhe informamos que iríamos responder legalmente pela queixa dele, e que também havíamos feito as nossas, na polícia civil e militar.

Foi o que bastou para ele surtar novamente. Mas, ao fazermos menção de pegar o gravador ele virou as costas e saiu.

Em seguida estávamos saindo e encontramos de novo o indivíduo na escada do prédio, aonde ele se limitou a fazer mais uma ameaça velada com a declaração de que “vocês mexeram com a raça mais filha-da-puta que existe: policial! Não tem bicho mais filho-da-puta que policial! O único erro de vocês foi ter vindo morar aqui...”.

Ao que eu respondi dizendo que estávamos somente garantindo os nossos direitos.

Ok, não houveram mais badalações até que chegou-nos uma intimação solicitando nossa presença na Delegacia local, a fim de prestar esclarecimentos à Justiça.

Chegando lá, hoje, das mãos do escrivão, tomamos conhecimento do Boletim de Ocorrência que gerou a intimação que nos levou até lá.

A acusação? Simples.

“Eles tem hábitos noturnos, são bruxos da seita Wicca, celebram rituais de madrugada, fazendo com isso muito barulho, perturbando o descanso dos vizinhos dos outros apartamentos...”

É mole? Hahahahahaha

Achei uma pena que eles esqueceram de mencionar a parte em que nós voamos de vassoura e cozinhamos criancinhas no caldeirão! Hahaha

Mas, mais abismado que nós, estava o escrivão!
Pelo fato de ocuparem a polícia com palhaçadas desse perfil. Ele ainda nos apontou a pilha de processos sérios que estava aguardando, e comentou o absurdo que era ter que estar atendendo uma palhaçada daquelas. Mas enfim, é o direito do cidadão de prestar queixa e tem que ser atendido, independente da relevância que possui.

Negadas as acusações, ele agendou a audiência de conciliação no Juizado Especial e fomos liberados.
Claro que o escrivão nem sequer questionou qualquer coisa acerca do que dizia o boletim, até porque qualquer pessoa de bom senso dá-se conta do absurdo em questão. E ele parecia ter coisas bem mais importantes para cuidar.

Enfim, a realidade dos fatos é completamente divergente. Óbvio.

SE existisse um problema com o barulho, isso se deve tão somente a estrutura arquitetônica, desse e de qualquer outro prédio mais antigo, não prover isolamento acústico para os apartamentos.

De fato nós temos hábitos noturnos: chama-se computador, ou melhor, Internet!

Dos rituais satânicos e sinistros eu nem vou comentar... dispensável.

Mas é claro que não existe, por parte desse senhor, nenhuma intenção a não ser a de importunar o juízo alheio.
Até antes dos episódios narrados acima, eu nunca havia trocado mais do que duas palavras com ele, e também pretendo não voltar a trocar nenhuma.
Achei muito curioso o fato dele ter vindo avisar sobre a denúncia. Sinceramente, no lugar dele, se eu tivesse com razão, o que não é o caso aqui, iria direto. Nem perderia tempo comunicando. Também não compreendi porque não foi ele próprio abrir a denúncia, tendo solicitado à sua irmã que o fizesse.

Mas, talvez esse cidadão acredite que ter um pentagrama pendurado no seu carro ou na porta de sua casa seja crime! Compreensível não é? Na condição de policial ele não tem nenhuma obrigação de conhecer as leis vigentes no país!

Enfim, disso tudo valem algumas experiências.

Estou cada vez mais inclinado a cursar Direito, percebo que conhecermos os nossos direitos é imprescindível para que este possa vir a ser um país realmente “laico”.

Fica a postagem, para exemplificar o que se pode fazer legalmente num caso como o meu.

Compreendo uma vez mais, que o total (e conveniente) desconhecimento das leis por parte dos cidadãos, abre espaço para episódios desse tipo.

Afinal, cidadãos de bem como nós, cumpridores dos seus deveres e pagadores dos seus impostos, os quais aliás empregam e mantém servidores como esse policial, ao invés de sentirem-se seguros e tranquilos tendo um militar morando no mesmo prédio, tem que se ocupar de responder à falácias desse tipo.

Mas, “aqui é assim mesmo”, afinal “sou brasileiro e não desisto nunca”.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Às Impossíveis...


Já que falávamos no último post na "Mulher Impossível", lembrei-me da Carmen de Bizet...

Então, aqui vai um momento ópera, em homenagem à todas as Mulheres Impossíveis da História!

O vídeo é da mais famosa aria da ópera que leva o nome da "impossível" personagem de Bizet: Carmen. Na interpretação da incomparável, e também "impossível", Maria Callas.

* Demora uns 2 minutinhos para começar, não sejam impacientes!

sábado, 14 de junho de 2008

Rose Marie Muraro



Entre todas as inúmeras coisas que eu poderia dizer sobre ela, apenas uma palavra se faz cabível: ícone!

Rose Marie Muraro, a Patrona do Feminismo no Brasil, é alguém que só pode ser apontado assim, como um ícone vivo.

E como se pode definir um ícone? É impossível.
Todas as tentativas se tornam vagas e inúteis.
Um ícone define-se apenas por si mesmo.
Não há uma norma, um exemplo ou qualquer classificação que pudesse prender essa mulher, sem que ela quebrasse o conceito em suas próprias contradições e superações.

Ela nasceu numa das famílias mais ricas do país daquela década.
Ela nasceu praticamente sem enxergar nada.
Diagnosticaram-lhe uma vida condenada à ignorância.
Ela não se conformou.
A Medicina disse que não poderia ir à escola.
Ela aprendeu a ler e escrever.

E desde o primeiro afronte às normas, ela vem revolucionando os lugares por onde passa.

Conheceu a riqueza.
Conheceu a decadência.
Conheceu a dificuldade.
Conheceu o desafio.
Conheceu a superação.
Conheceu o sucesso.
Conheceu a polêmica.
Conheceu cada movimento transformador.
Conheceu a História desse país por um ângulo que poucos tiveram.
Conheceu o amor.
Conheceu o casamento.
Conheceu a ousadia.
Conheceu a liberdade.
Conheceu a ira do Vaticano.
Conheceu a repressão da Ditadura.
Conheceu tantas outras coisas...
E aos 66 anos, conheceu seu próprio rosto no espelho.

Hoje, com mais de 1.600 trabalhos publicados, ela ocupa a posição merecida de “uma das mais brilhantes intelectuais do nosso tempo”.

Rose Marie Muraro, faz parte daquele grupo, cada vez mais escasso, de pessoas que sabem pensar nesse país.
Essa é a alçada dos gênios contemporâneos, como ela, Oscar Niemeyer e outros poucos, idealistas e realizadores, brasileiros, nascidos aqui, e focados na construção de um mundo, idealizado melhor.

Soube, pela Lealdade Feminina, que ela esteve hospitalizada e agora se recupera em casa.

É uma pena que eu esteja tão distante do Rio, senão iria levar-lhe algumas flores e os desejos de melhora de todos nós.

Apesar das distâncias, todos desejamos uma boa e rápida recuperação à ela.

Pois aguardamos ansiosos, que a Mulher Impossível, restabelecida de suas inesgotáveis forças, nos conte as suas memórias!

Sexta-Feira 13... A "Caça às Bixas" continua no Exército


Há alguns dias atrás, a prisão do sargento Laci Marinho de Araújo, estampou as manchetes de vários jornais pelo país.

Hoje foi a vez do sargento Fernando de Alcântara Figueiredo.

Há propósito: Laci e Fernando são gays, vivem juntos há 11 anos.

Até aí nada demais.

O detalhe é que eles assumiram isso publicamente numa entrevista que ganhou a capa da revista Época da semana passada e em seguida deram uma entrevista no programa Superpop, da RedeTv!, apresentado por Luciana Gimenez. Ao final do qual, ocorreu a prisão de Laci.

O fato movimentou organizações de Direitos dos Homossexuais, assim como organizações de Direitos Humanos. Estas alegam atitude de preconceito e homofobia por parte do Exército, o Exército desmente as alegações...

Eu não assisti a entrevista, por dois simples motivos:
1º Não assisto TV;
2º Se assistisse, não iria escolher o Superpop!

Também não li a reportagem da Época, apesar de considerá-la uma boa revista.

No entanto, não é novidade para ninguém o tabu da homossexualidade no Exército Brasileiro. Se não existisse, sem dúvida, uma reportagem como essa não seria capa de uma grande revista.
Todo e qualquer jovem em idade de alistamento militar sabe que basta dizer na entrevista que é gay, ou sugerir algo do gênero, para ser imediatamente dispensado.

Agora vejamos: o casal de sargentos concedeu a entrevista para a revista, e para o programa de TV.
Minutos antes de terminar o programa, a Polícia do Exército tinha cercado os estúdios da emissora para executar a prisão do sargento Laci.
Operação de cinema: homens armados com fuzis FAL de uso exclusivo das Forças Armadas, pistolas e etc. Invadiram os estúdios ainda antes do programa terminar, sem sequer terem em mãos ainda o mandato. Escalas superiores, magistrais inclusive, ordenaram a execução imediata da captura, e que se utilizassem todos os meios “cabíveis e indispensáveis”. A urgência e gravidade eram tamanhas.

Motivo? Crime de deserção!
Havia uma ordem de prisão emitida já em 21 de maio pela Justiça Militar, solicitando a captura dele.

Quer dizer, o sargento foi preso porque era desertor do Exército. Não porque assumiu pública e polemicamente sua opção sexual. O Exército divulgou uma nota austera explicando isso: estavam apenas cumprindo o regimento, como aconteceria em qualquer outra situação. É maldade acreditar que o show foi em retaliação à atitude dele... nunca!

Será mesmo que esse pessoal considera o povo tão estúpido? Será possível que as nossas “respeitáveis e honoráveis autoridades” nos consideram assim tão incapazes de pensar?

É impossível alguém me convencer que foi mais fácil capturar o sargento num estúdio de TV em São Paulo, do que no apartamento funcional na área militar onde ele residia em Brasília. Afinal, o que a justificativa do Exército sugere é que desde 21 de maio não foi possível localizar o sargento. Será que as Forças Armadas não possuem registros com os dados dos seus servidores?

E das consultas médicas do Hospital Militar? Afinal, o “desertor” passou por consultas e tratamento médico no hospital do Exército em Brasília algumas vezes durante esse período pós-mandato/pré-prisão.
Aliás, no mesmo hospital onde ele servia. Ou seja, temos um “desertor” com presença confirmada e registrada na sua unidade de serviço. Então onde está a deserção?

Isso sem contarmos os laudos médicos que atestam a inaptidão dele para o trabalho em razão de problemas psiquiátricos e afins.
Todos estes que obviamente foram refutados pelo Exército, valendo somente o laudo deles que considera o contrário.

E foi em função dos mesmos regimentos próprios que as Forças Armadas possuem, que o outro sargento, Fernando, companheiro do Laci, foi preso nesta sexta-feira.

Motivo? Vários... essencialmente “transgressões disciplinares”.
Porque ele teria se afastado do trabalho e viajado a São Paulo sem autorização, se apresentado à imprensa sem uniforme do Exército e omitido informação sobre o paradeiro do sargento Laci Araújo.

Ele teve oportunidade de apresentar defesa prévia. Foi preso logo após apresentá-la... Novamente o Exército considerou inaceitáveis os argumentos da defesa dele. E cumpre estritamente o que reza o seu regimento próprio.

Mas de que valem os argumentos de defesa do sargento, se estes são baseados na Constituição Federal, não é mesmo?

Não há dúvida que o Exército tem grande preocupação com sua imagem e reputação, exatamente por isso pune o militar que se apresenta à imprensa sem a farda oficial.

Mas é claro que essa preocupação se resume somente à roupa, não tem nada haver com ele estar num programa de TV junto com o companheiro assumindo-se como “o primeiro casal gay do Exército Brasileiro”!

Mas a retaliação tem um fundo mais relevante que a homossexualidade. Como todo gay sempre dá o que falar, com estes não seria diferente...

Não me refiro à reportagem nem ao frisson na mídia. Não, nada disso!

O detalhe mais intrigante dessa história toda, desapareceu nas entrelinhas das notícias... É que os “indisciplinados” sargentos, antes de ficarem famosos, levantaram suspeitas de corrupção e desvio na administração do hospital em que trabalhavam.

Levaram uma denúncia, muito bem elaborada e embasada ao que parece, ao Ministério Público, e desde então começou a encrenca.

Daí nasce a "Caça às Bixas", em analogia à Inquisição... Afinal, existem grandes similaridades nos procedimentos dessas instituições de "grande credibilidade". Tanto o Exército quanto a Igreja se regulam por leis próprias internas, ambos são viabilizados por um massivo contingente de servidores homossexuais, em ambos reina a hipocrisia, e assim as similaridades seguem... Divergem somente no campo em que o Exército vale-se de suas leis para cometer crimes contra seus servidores, enquanto a Igreja vale-se das suas para encobrir os crimes dos seus.

Resta somente a pergunta: e se, acidentalmente claro, um sargento desses viesse a falecer? O Exército garantiria prontamente ao outro os direitos de cônjuge, assim como garante às esposas ou filhos de militares falecidos? Ou o seu regimento interno passaria a ser questionado pela inexistência desta previsão nas leis civis?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Na era do Aquário!

Sempre fui fascinado por aquários.
Desde que vi um pela primeira vez.
É como se, aquela caixinha de vidro cheia d’água, trouxesse a possibilidade de participar um pouco desse mundo incrível que existe nas profundezas aquáticas, e que nossa natureza de “animal terrestre” não nos permite presenciar.
Tive um aquário pequeno, há muitos anos atrás. E depois de “aposentá-lo”, acabei não adquirindo outro nos anos seguintes. Até que, há uns três meses, adquiri um novo.

* meu aquário *

Fiquei muito admirado com o avanço na tecnologia dos aquários de lá pra cá. Quando tive o primeiro, era tudo muito complicado, o controle da temperatura, das condições da água, principalmente a filtragem da água era um desafio. Como não existiam sistemas de filtro, a sujeira se acumulava no fundo do aquário, filtrada apenas pelas pedrinhas, e ao cabo de algum tempo você tinha que esvaziar o aquário para limpá-lo, porque a água parada e sedimentando ia apodrecendo... E isso causava um enorme choque nos peixes.
Hoje, a estrutura dos novos aquários é fantástica! Eles possuem filtros, sistemas que mantém a água em movimento o tempo todo, e mais um aparato de recursos que possibilita ao aquarofilista construir e manter um sistema equilibrado para a existência dos peixes.
O mais fantástico é que esses avanços permitem que hoje você tenha plantas sub-aquáticas cultivadas no aquário. O que além de ser visualmente muito bonito, promove um ambiente mais aconchegante para os habitantes do aquário. Ainda não aderi a este recurso, mas tenho vontade de fazer também no meu.

* exemplo de aquário plantado *

Claro que a intenção é chegar o mais próximo possível do ambiente natural dos peixes. Obviamente é impossível reproduzir artificialmente o habitat. Por melhores que sejam as técnicas, nunca poderão se igualar ao seio da Natureza-Mãe. Mas, os avanços atuais permitem que se chegue mais próximo ao ideal, proporcionando uma vida mais agradável aos peixinhos em cativeiro.

Supõe-se que os primeiros aquários tenham surgido na China Imperial e, de fato, a aquarofilia (nome dado ao hobby de cultivar aquários) é uma atividade bastante zen.
Uma coisa interessante que observei foi a forma como algumas pessoas reagiam ao me ouvirem falar que queria ter de novo um aquário ou que gostava de peixinhos como animais de estimação.
Muitas delas limitavam-se a considerar que “aquário é muito bonito”, mas a maioria delas considera peixe um animal de estimação “sem graça”, que “não interage”, ou até que “não manifesta carinho, impessoal”.
Ledo engano... eles são tão cativantes, carinhosos e inteligentes quanto um gato ou um cachorro.

* meus 3 filhos aquáticos *

“... os peixes são, em geral e comprovadamente, animais inteligentes e com uma personalidade. Os peixes são capazes de aprender a evitar as redes, observando outros peixes que são apanhados por estas, o que significa que têm capacidade de aprendizagem, memória e inteligência suficiente para aplicar estes conhecimentos e relacioná-los com problemas. São também capazes de reconhecer outros indivíduos como seus amigos e companheiros. Alguns peixes reúnem informação através de autêntica espionagem e outros são até capazes de usar ferramentas. Estudos recentes levaram à descoberta de que os peixes têm uma impressionante memória de longo prazo e de que se organizam socialmente de forma complexa e sofisticada. Colaboram entre si de modo a definirem estratégias e acordos sociais para facilitarem as suas vidas e sobrevivência. Além da memória, os peixes têm um apurado sentido de orientação no tempo. Comunicam uns com os outros através de sons de baixa-frequência, que os humanos só conseguem ouvir com aparelhos especiais. Os peixes gostam de ser tocados e frequentemente esfregam-se suavemente uns contra os outros – como os gatos fazem.E, tal como os pássaros fazem, muitos peixes constroem ninhos onde criam os seus bebés. Outros juntam pedras que apanham do fundo do mar para fazer esconderijos onde podem descansar. Alguns peixes cortejam os potenciais parceiros cantando para eles...” (in http://animaisexcepcionais.org/)
Ao observar esses conceitos das pessoas, passo a me questionar até onde nossa capacidade de interação e relacionamento com a Natureza está atrofiada?
Quer dizer, o conceito de amor entre humano e animal está diretamente relacionado à idéia de domínio e posse. Há uma projeção sobre o bicho, de forma que o “bom” é aquele que corresponde às expectativas do dono, mesmo e principalmente, em detrimento de sua natureza. É como se a pessoa fosse incapaz de “amar” um animal que ela não pode pegar (ou seja: dominar). Parece o mesmo que quando se questiona alguém sobre o porquê prefere cães, e não gatos, ela responde: “É que eu acho gato um bicho muito traiçoeiro, vingativo (isso quer dizer: autêntico, fiel ao seu instinto), muito frio, muito independente(!), não é que nem cachorro... cachorro é amigo, é companheiro, se você briga, daqui há pouco ele já vem balançando o rabo e tá tudo bem..."
Existe, no meu ver, uma diferença básica de comportamento entre o cão e o gato, quando domesticados: o gato não se torna dependente do dono como o cachorro.
E, parece que isso confere ao cão a preferência das pessoas que querem ter esse “retorno” do seu animal. Porque se o cão é totalmente dependente de mim (física e emocionalmente) ele é automaticamente levado a me “amar” e a corresponder como eu quero.

Eu gosto igualmente de ambos, prefiro os gatos exatamente por serem independentes do dono.

* Calvin, meu filho felino *

E acho deprimente observar como a nossa cultura nos trouxe ao entendimento de que você pode “ter” um animal de estimação sem respeitar a natureza e a individualidade dele.
Voltando aos peixinhos e aos aquários, existe um parâmetro de cálculo de espaço que diz “2l de água/1cm de peixe”. Ou seja, um peixe de 5cm precisa de no mínimo 10l de água de espaço para ele.
O que eu já considero um espaço bem apertado... Optei por ter apenas 3 peixes no aquário, o que faz com que cada um deles tenha aproximadamente 33l de água de espaço. E ainda assim considero que possam estar sem espaço, pois sempre que imagino a amplitude de espaço que existe no leito de um rio em relação a um peixe, vejo o aquário se transformar num cubículo!

Aí, logo que adquiri o aquário, dei algumas pesquisadas em materiais na internet e vi uma coisa que me deixou estupefato: um rapaz pedindo ajuda numa lista de discussão porque seus peixes estavam morrendo sem causa aparente. Um membro da lista pediu que ele passasse as informações do aquário (tamanho, capacidade, peixes) para que pudessem tentar ajudar.
Eis que o rapaz passou a listagem: ele tinha um aquário de aproximadamente 100l, com 90 peixes dentro! E ainda queria saber por que será que seus peixes estavam morrendo?!
Quer dizer, não se trata nem de uma regra técnica, bastaria algum senso comum para entender a impossibilidade deles viverem no ambiente superlotado!
Enfim, ter perto de si um animal, seja qual for, respeitar seu espaço e individualidade, e observar seus comportamentos e posturas ensina muito ao “bicho homem” sobre a Natureza, da qual ele também faz parte, mas se esqueceu há tempos!

CPMFênix... o renascimento!


Não faz muito tempo, que assisti (um tanto quanto boquiaberto) a extinção de um imposto acontecer.
A CPMF tinha uma cifra percentual bem pequeninha, quase "não doía" quando a gente lia, bem diferente da sensação que se têm ao correr os olhos sobre os "27,5%" do Imposto de Renda.
O fim do imposto causou-me surpresa, afinal, terminar um imposto no Brasil?!
E a extinção não estar embutida na direta criação de um maior?!
Tive a certeza de estar vendo um fato inédito!

Claro que houve a sequência da novela mexicana parlamentar, com as declarações dramáticas e apelativas sobre como "o fim da CPMF prejudicará a Saúde no Brasil" e etc.
Ora, se para que cada coisa torta nesse país melhore 0,0000001%, nós precisarmos pagar mais um imposto de 0,38%, onde acabará a nossa carga tributária?

Deve realmente ter feito muita falta os 40 BI lhões de reais da CPMF... extraídos dos "míseros" 0,38%. Até porque, convenhamos, a arrecadação dos outros tributos (todos muito maiores que este) não deve dar conta de fazer o básico nesse país!

Mas, claro que a "pizzaria Brasília" estava batendo a massa para o próximo prato.

Aí vêm a CSS, o ressurgimento da CPMFênix!
Que já foi aprovada nas escalas menores, rapidinho claro, e agora está sendo o cabo de guerra entre oposição e governo no Senado.

Pra quem gosta de humor/crítica, fica a charge, roubada do www.charges.com.br.
No final tem um link, para a página do Senado, onde pode-se enviar mensagens para os Senadores, se é que você lembra em quem votou!


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Yves Saint-Laurent, morre o "Mozart da Moda"...


Dia 1º passado, falecia Yves Henri Donat Mathieu-Saint-Laurent, a quem o mundo todo conheceu sob as inicias entrelaçadas “YSL”.

“Sim! Mais um daqueles velórios de ricasso cheio de celebridades e fotografias nos jornais... Que tenho eu com a morte de um famoso do mundo da moda?” – deverão perguntar-se alguns de vocês.

Primeiro: é verdade. Mais um daqueles velórios como dito acima.

Segundo: o mesmo que tem qualquer pessoa que use roupa sobre o corpo! Afinal, mesmo que você (assim como eu) não seja nenhum cliente da alta-costura internacional, todo o resto das roupas produzidas no mundo guia-se pelo que se produz lá. Logo, mesmo que a sua roupa de hoje não seja YSL, CK, PRADA, Gucci ou qualquer outra, com certeza ela foi concebida e industrializada segundo os parâmetros dessas empresas e de das concepções de seus criadores.

Eu não estou aqui para discutir a escravidão ditada pelo mundo da moda às pessoas, principalmente às mulheres, nem nada do estilo.



Sou um admirador dos gênios contemporâneos, e entre estes, de forma especial, sempre gostei muito de observar as criações de personagens como Versace e Yves Saint-Laurent, essencialmente pelo extremo bom gosto destes.

Acho difícil alguém não concordar comigo tendo diante dos olhos uma camisa YSL ou nas mãos um couro Versace...
Mas não são essas “futilidades” que venho trazer aqui, venho levantar uma questão um pouco mais além: a moda reflete diretamente o que está acontecendo na sociedade. Nos bons e nos maus aspectos.

Então, se alguma mulher que está sentada em seu escritório, vestindo calças ou um terninho típico desses ambientes de trabalho, passou os olhos sobre essa notícia com algum tipo de desdém, está cometendo uma grande ignorância.
Provavelmente desconheça totalmente o fato de que, em meados de 1966, Yves Saint-Laurent afrontou os padrões da societas, trazendo à passarela uma criação de mudou totalmente os rumos da vestimenta feminina dali em diante, falo do “Le Smoking”.



"Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças compridas. Isso parece normal, cotidiano, mas na época a mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, foi uma provocação sexual, dirigido à mulher que queria ter um outro papel."
(Suzy Menkes, editora do International Herald Tribune)

Exatamente, a genialidade desse estilista ocorreu em perceber que junto com as mudanças que estavam ocorrendo no universo da mulher, havia a necessidade de dar-lhes liberdade e poder vestuário para a nova atitude do feminino da época.

Anos antes Coco Chanel, como era conhecida Gabrielle Bonheur Chanel, fizera o mesmo, ou até mais, ousando dar a mulher a possibilidade de largar todo o aparato opressor e moralista de antes, criando uma concepção baseada em liberdade e exaltação da beleza do feminino.

Não vamos entrar no mérito aqui, sobre até que ponto essa “igualdade” foi real. Mas não posso deixar de admirar a ousadia dele.

Obviamente o mundo não se rendeu ao estilo Chanel facilmente nos anos seguintes, até que ele teve a coragem de prosseguir com a idéia dela, adaptada à época e à sua concepção.
O resultado é visível nas ruas, e nas passarelas, de qualquer grande cidade atual.

Essa é a questão que me faz mencioná-lo aqui: ousadia!

Falando em ousadia e em passarela, foi ele também o primeiro estilista do mundo a colocar modelos negras na passarela.

Mas talvez o passo mais ousado de Yves tenha sido, em 1971, o anúncio de uma nova fragrância sua, para a qual ele posou nu, e causou choque em diversos setores da sociedade.



Sua resposta foi uma outra pergunta: “Porque é mais aceitável quando uma mulher posa nua para um anúncio do que quando um homem o faz?”

Simplesmente, como todos sabemos, porque segundo os padrões patriarcais da sociedade, a imagem da mulher pode ser exposta e abusada até o último, enquanto a do homem deve ser preservada.

Que eu saiba, ele foi o único da época a fazer algo assim, mas agora passados alguns bons anos, o polêmico Tom Ford, seu “substituto”, escancarou de vez a iniciativa de Yves Saint Laurent com o anúncio do “M7”:



E, sem comparações descabidas com o gênio antecessor, aplaudo sua ousadia por igual!

sábado, 7 de junho de 2008

2008 - O Ano de Hator



A soma dos algarismos do ano nos leva ao número 10 (2+0+0+8=10).

Recorrendo ao Tarot, encontraremos o décimo arcano maior, ou “A Roda da Fortuna”.

A “Roda da Fortuna”, ou simplesmente “Fortuna”, é um conceito universal muito difundido, extremamente comum à todas as culturas antigas e igualmente nas modernas.

O que os antigos entendiam por esse conceito é hoje vulgarmente compreendido por “sorte”. Um conceito binário :“Boa fortuna e má fortuna” (ou “boa sorte e má sorte”, ou mesmo “sorte e azar”).

Se tentarmos buscar as raízes ocidentais disso, encontraremos a Deusa Fortuna, de Roma. Trata-se de uma divindade mais antiga que o Império, que teve seu “sentido” popularizado como Deusa da sorte, do destino, cujo poder possibilitava determinar a felicidade e a vitória ou a infelicidade e a derrota. Júlio César é um personagem histórico, de cujos relatos têm-se referências ao temor/reverência que o mesmo tinha pela Fortuna.

Então, para que o conceito fique claro, usá-lo-ei de exemplo aqui: é como se mesmo estando em grande vantagem em todos os sentidos, com tudo absolutamente estável e sob controle, diante de uma batalha ou um inimigo qualquer ele reconhecesse que anceps fortuna belli, literalmente “a sorte na guerra é ambígua” ou “quem decide é a Fortuna”.

Estamos falando do inesperado, da surpresa, do insondável que nos aguarda no momento seguinte. Do potencial de mudança inerente à tudo. Do Universo que está em constante movimento, e em constante mudança.
Essa potencialidade de mudança e movimento universal é expressa no Arcano da Roda.

No Tarot Visconti-Sforza, vê-se uma figura angelical vendada no centro, e além dela, mais quatro figuras aparecem. A primeira, no alto, parece com a figura clássica de um querubim, só que traz um par de orelhas de asno e empunha um cetro, símbolo do poder, traz consigo a palavra Regno (eu reino) . A segunda, que segue em direção ao topo, tem um par de orelhas de asno que estão em desenvolvimento; traz Regnabo (eu reinarei) . A terceira figura, que se dirige para a base, não apresenta orelhas de asno, mas tem cauda do animal, trazendo a palavra Regnavi (eu reinei). Por fim, vemos um ancião que parece sustentar a roda, em posição de um quadrúpede, com as palavras Sum Sine Regno (estou sem reino).


O que me interessa aqui é somente demonstrar a idéia de que somos impotentes frente a força na Natureza e incapazes de determinar o momento seguinte.

Claro que esta é uma definição extremamente superficial do sentido que este Arcano evoca, o significado do arcanum expresso numa lâmina do Tarot jamais poderá ser entendido simplesmente pela alusão pictória, tampouco por comparações entre suas figuras e outras quaisquer.

Mas, apesar de percebermos nossa impotência e pequenhez diante da grandiosidade da Natureza/Universo, esta é sempre bondosa e complascente para conosco.
Isso também é representado neste Arcano, uma vez que o “giro da roda” sempre anuncia uma mudança positiva, assim como crescimento e prosperidade.

Fortunae, originadora do nome da carta, também reunia essas mesmas características. Da mesma forma que todas as Deusas equivalentes em todas as outras culturas reúnem.

Ela era cultuada como a Deusa da Sorte tanto como Deusa da Agricultura, da Terra, da Vida e da Morte.

Nessa reunião de características múltiplas, resume-se a regência de 2008.

Eu tenho uma simpatia particular pelo Antigo Egito, e por isso acabo trazendo a “versão egípcia” da Deusa do Ano à frente.




Assim chegamos à Hator, cujo nome original é algo próximo de Het-Heru, e significa "casa de Hórus" ou mais literalmente "morada do sol".
Hator é a personificação que os egípcios deram à Grande-Mãe Universal. Seu culto remonta a períodos pré-dinásticos e atravessa toda a linha do tempo até o perído tardio.

Percebo a torpidez com a qual nós conhecemos a religião egípcia quando leio algo como “Hator era, junto com Ísis, a deusa mais popular do Egito Antigo” ou ainda “Hator era associada com Ísis e com Bastet, porém, esta Hathor mais conhecida é a reformulação de uma Hathor pré-dinástica, muito mais antiga que foi tomando características de outras divindades com o passar do tempo”.

Ora, os egípcios tinham uma compreensão da Deusa, do Feminino, da Natureza e do Universo que exige que tiremos a venda da “educação patriarco-cristã” para que possamos entender suas divindades e símbolos.
Nunca existiu transformação, nem tomada de característica alguma. Hator é a Deusa, unificada em todas as suas facetas, é o Feminino Uno/Trino/Multíplice. Eu gosto muito de nivelar as atribuições pelo Egito Antigo, porque na mitologia e religião egípcia está muito claro a idéia da Universalidade da Deusa.

Hator é todas as Deusas do Egito.
Ela é a Senhora que gera abundância na terra e sustenta o céu.

Todos aprendemos que o centro da religião egípcia era o culto do sol. E é verdade.
O sol é o centro do nosso sistema planetário, dele provêm a luz, o calor e por consequência a possibilidade de vida no nosso planeta.
Logo, o centro da religião egípcia era a Vida.

Também aprendemos que o sol era representado por um deus chamado Rá, e mais tarde Amon-Rá. Também é verdade. O problema é que aprendemos só isso!

Qualquer pessoa que se prestar a ler alguns capítulos do Livro Egípcio dos Mortos, que creio eu, seja o maior documento remanscente das crenças deles, vai perceber que eles nunca glorificavam o sol sem juntamente louvar quem o sustenta: o céu, sua Mãe. Que, há propósito, é Hator.

Assim como nunca ali faz-se referência a atuação de um deus sem citar a Deusa que personificada como esposa, ou mãe ou irmã, provê e possibilita que o poder daquele deus se manifeste.

Quer dizer, os egípcios entendiam o Universo como Mãe, a origem de tudo como provindo d’Ela (uma das formas como se referem à Hator é “Deusa de Milhões de Anos”). Um grande útero que a tudo gesta, sustenta e recicla, o tempo todo. Por isso representavam todas as importantes leis da Natureza como Deusas: a vida (Ísis), a morte (Néftis), o equilíbrio (Maat), etc.
E a totalidade e harmonia dessas leis, assim como a benesse da Natureza para com os humanos é Hator.




No famoso templo de Dendera, as colunas possuem capitéis com rostos de Hator dos quatro lados. É nesse templo que havia a representação da abóbada celeste e do mapa do céu. O simbolismo das colunas está ligado à um, dos muitos, títulos com os quais Hator é aclamada: Senhora dos Quatro Cantos do Céu.

Ela é a Grande Mãe-Orientadora, uma vez que pela observação do movimento dos astros eles podiam se localizar no tempo e no espaço.

Há também um quádruplo sincretismo sobre Hator, onde ela é a vaca celeste (mantenedora da vida na terra), a leoa (Sekmet: o caos, a força destrutiva, o instinto selvagem da Natureza), a gata (Bastet: beleza, amor, fertilidade e maternidade) e a serpente (Uadjit, o espírito, a imortalidade, a transformação).

Hator também estava ligada à alegria, às artes, à música, ao êxtase, e são muitos os aspectos para se explanar, farei isso em postagens posteriores.

O que importa é entendermos que nesse ano, sob a regência de Hator, somos convidados à “atingir o centro da roda”, buscarmos orientação na única fonte que realmente pode entender o momento porvir: nossa Alma.

O ano de Hator é um convite ao entendimento da graça da vida, ao desfrute das maravilhas que nos são amorosamente proporcionadas à cada dia pelo Universo.

É um ano para que desenvolvamos a virtude da Gratidão, e principalmente do respeito à vida em geral.

Compreender as leis imutáveis do Universo-Mãe e orientar-se por elas nos leverá certamente ao encontro da realização onde nos aguarda Hator, a Deusa do Oásis.

Portanto: siga sua Alma, viva, ria, cante, dance, obedeça seu instinto, ouse ser você, único e autêntico, pois Fortes fortuna adiuvat (ao ousado, a Fortuna estende a mão)!

Blogar...

Por onde começar?
Talvez de onde parei há um ano?
Impossível!
Tantas coisas mudaram de lá pra cá...

E, como todo bom “Louco”, já esvaziei e enchi minha “sacola de projeções” diversas vezes nesse meio tempo.

Perder algumas coisas pelo caminho me fez perceber como eram pesadas e inúteis essas “pedras” que insistia em levar comigo.

Tinha pensado em postar aqui os textos do antigo site, mas já não me caibo nos mesmos parâmetros...

De toda a forma, fica o link se alguém quiser ver:

http://zazyel.vila.bol.com.br/arquivo.html

Resolvi fazer este blog primeiramente porque gosto de escrever, e descobri recentemente como o ato de escrever, exteriorizar no papel ou na tela do computador, o que se penso ou sinto amplia a visão limitada que tenho quando somente penso ou falo sobre algo. Logo, os registros me permitem análise!

Por muitas vezes encontrei publicadas na internet idéias e pontos de vista de pessoas que me fizeram refletir e me foram muito úteis. Talvez as minhas aqui sejam também úteis a alguém, talvez não. Não me importa. Francamente, agradar não é a minha prioridade aqui.

Então, este é um espaço de expressão pessoal. Minha, obviamente. Não tenho um tema específico, nem uma linha, nem uma causa “x”. Me darei a liberdade de falar acerca de utilidades e futilidades em proporção, conforme surgirem.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Quem sou eu?

Apenas um reflexo das suas projeções... Não é assim que somos todos uns para os outros?

Não te conheço, ainda não conheço nada nem ninguém!

Conhecerei você, e o mundo que nos cerca, somente quando deixar de ver meus aspectos aceitos e negados refletidos em tudo.

Portanto, de que nos valem as definições?

Sou uma Alma, manifesta em um corpo, buscando um ponto de relaxamento numa mente turbulenta.

Gosto de algumas pessoas. Por vezes tenho saudades de tantas outras. Mas descobri que não sinto falta de ninguém.

Amigos para mim, são eventos mágicos. Um belo dia eles surgem, não sei quem eles são, de onde vieram, nem qual é realmente o seu propósito.

Nos afinizamos, concordamos e discordamos aos extremos.

Até que percebo neles qualidades que me fazem ignorar seus defeitos, ou quem sabe até vir a apreciá-los por consequência.

Um fato fundamental acontece: descubro que os respeito. E que me respeitam por igual.

Na qualidade de humanos, nosso conceito de amor é algo muito efêmero. Acredito muito mais nos vínculos de respeito, estes permanecem intactos às nossas tempestades emocionais.

Então, vejo a trama do Universo se desvelar, quando depois de muito tempo sem contato, nos reencontramos e parece que nem um minuto se passou desde a última vez.

Tudo permanece igual dentro de mim. Descubro ali um amigo, atestado pela única coisa que me faz crer na Amizade, esse algo muito sutil que sobrevive à tudo e principalmente ao tempo.

Amigos para mim, são eventos mágicos, porque são dotados de um dom: a Atemporalidade!



Se tivesse um lema, seria algo como "status variabilis". Desconheço maior prazer do que poder mudar a cada momento.

Sendo assim, não espere nada de mim. Aprendi nesses últimos tempos que quanto mais esperamos do mundo, mais temos razões para nos frustrar.

Também não siga meus conselhos, nem peça minha opinião. Não possuem nenhum valor para ninguém, além de mim. Exatamente por isso eu não pedirei a sua...



Se tivesse uma religião, seria uma que entendesse o Universo como uma Grande Mãe, criadora e mantenedora de tudo que existe.

Uma Divina Mãe, que nos concedeu a dádiva que criar nosso próprio destino. Que nos aplica uma Lei justa e harmoniosa, fazendo com que entendamos a cada passo nossa responsabilidade sobre tudo.

Mas principalmente, que nos logrou a maravilha de uma vida repleta de experiências gratificantes em potencial. Na oportunidade que nos dá de acompanhar o fluxo constante da Prosperidade do Seu Amor.